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Para o Dia dos Professores, conquistas de seus estudantes
O Dia dos Professores (15/10) é, e sempre será, um momento de celebração e reflexão. É quando pensamos e repensamos o fazer pedagógico, as condições oferecidas a professoras e professores, a sala de aula, a escola.
Agora, imagine um espaço de estudos em que, em vez de carteiras enfileiradas, estudantes se sentem em carteiras organizadas em círculos e troquem aprendizados, lado a lado.
Já pensou em contar somente com uma professora, um professor, para todas as matérias, dedicada(o) inteiramente à turma, independentemente da série cursada por cada um(a) no momento? E se você pudesse ter naquela professora, naquele professor, um amigo, que, além das matérias, preocupa-se também com o seu lado emocional; te ouve, te dá conselhos, te ampara nas dificuldades extraescolares para, no fim desse ciclo, você desfrutar da alegria de ser aprovado(a) no vestibular e poder fazer a faculdade com que sempre sonhou?
Com o objetivo de atender estudantes em distorção idade/série, defasagem escolar, ou que não puderam concluir a Educação Básica, a Fundação Roberto Marinho concebeu, em 2011, a Unidade Escolar da Fundação Roberto Marinho, um projeto educacional sustentado pedagogicamente pela Metodologia do Telecurso – Incluir para Transformar, que está presente nos bairros da Gamboa e Del Castilho, no Complexo da Maré e no município de São Gonçalo. Nossa UE-FRM já contribuiu para a formação de cerca de 1800 estudantes, entre turmas de Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio.
Conheça mais sobre a Unidade Escolar da Fundação Roberto Marinho
Lucileide Rodrigues de Brito, 39 anos, moradora do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e Vitor Aparício da Paz, 24, que mora no bairro de Cavalcante, também na capital fluminense, são dois jovens que passaram pela Unidade Escolar FRM - e chegaram à universidade.
Conversei com eles e suas professoras, Aline de Araújo e Fábia Muniz.
Luis Soares: Lucileide, como você descobriu o Telecurso?
Lucileide Rodrigues: Eu estava procurando uma vaga para concluir o Ensino Médio. Como não consegui a vaga que queria, fui informada que a Unidade Escolar da Fundação estava aceitando inscrições para turmas onde moro, na Maré. E eu sempre assistia às teleaulas do Telecurso, na TV Globo.
Luis: Você trabalha? O que pretende cursar na faculdade?
Lucileide: Sou diarista e estou fazendo o curso pré-vestibular pela organização Redes da Maré. Além disso, neste momento, vou começar a faculdade de Serviço Social, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Luis: Parabéns! Qual a diferença que você percebeu na hora de aprender o método do Telecurso? E por que você escolheu o curso de serviço social?
Lucileide: A professora Aline se dedica muito para não deixar nenhum para trás. Essa lição de que podemos fazer algo pelo próximo me aproximou do curso de serviço social, porque é uma área que eu posso ser útil e também fazer a diferença na vida de outras pessoas.
Luis: Além disso, você pensa em alguma outra profissão ou carreira?
Lucileide: Ah, sim. Meu sonho é ser fisioterapeuta.
“Fico feliz em orientá-los para a realização de seus sonhos.”
Luis: Professora Aline, como foi a trajetória da Lucileide na sua turma?
Professora Aline de Araújo: A Lucileide sempre foi uma aluna muito empenhada. Depois de algum tempo afastada da escola, ela voltou a estudar e fez o ensino fundamental na turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio Gustavo Capanema, e logo depois ingressou na turma da Unidade Escolar FRM para a conclusão do ensono médio.
Luis: A que você atribui o desenvolvimento dela?
Aline: Na época da EJA, ela passou por algumas questões pessoais e sempre relatou que a escola foi o impulso para que tivesse coragem e força para seguir em frente nos seus sonhos. Foi naquela época que desenvolvi um projeto de leitura, uma biblioteca itinerante entre os alunos. E ela se encontrou muito em alguns livros.
"Sou apaixonado por coisas novas, por fazer novas descobertas."
Luis: Vitor, a Lucileide começa a trilhar sua história na faculdade agora, mas você já ingressou um pouco antes, certo?
Vitor Aparício: Sim, estou cursando o terceiro período de Engenharia de Alimentos e a faculdade é em tempo integral.
Luis: Por que você escolheu essa profissão?
Vitor: Queria algo que não me impusesse limites. Sou apaixonado por coisas novas e por fazer descobertas. Eu já queria fazer engenharia, mas não me encontrava em nenhuma daquelas mais conhecidas. Decidir pesquisar mais sobre elas e achei a engenharia de alimentos. Um profissional dessa área é, na minha concepção, um cientista de alimentos.
Luis: Por quê?
Vitor: Sou apaixonado por biologia. Por conta disso, me vejo na direção da área microbiológica, em um laboratório... Também me vejo na criação de bebidas. Na verdade, eu me vi em diversas coisas na área e estou amando até agora.
Luis: Que lembranças você carrega do tempo em que estudava com a professora Fábia?
Vitor: Fábia tem um brilho no olhar. Ela faz você se sentir a pessoa mais feliz do mundo. Eu acreditava em mim só de olhar para o seu rosto - e era assim com todos da turma. Eu sentia que todos estávamos no mesmo barco e que meus amigos também enfrentavam dificuldades em suas vidas. De certa forma, me sentia mais acolhido e não me frustrava em ser eu mesmo, nem de me abrir e mostrar minhas dificuldades.
Luis: Quero saber, agora, o que a professora Fábia sente ao perceber o tamanho do impacto na vida das pessoas, como aconteceu com o Vitor, por exemplo...
Fábia: Estar em sala de aula é um trabalho, ok - mas é um presente. Compartilhar uma etapa tão importante e essencial na vida de alguém é muito significante. Dessa forma, também tenho a oportunidade de mudar, constantemente, a minha própria vida e o jeito que caminho por aqui. Fazer parte desse processo é estar em sala de aula para mim.
“A gente trabalha conteúdos, faz avaliações, se afeta e se impulsiona.”
Neste momento, em que celebramos o Dia das Professoras e dos Professores, trajetórias como as de Lucileide e Vitor reforçam a relevância do trabalho de educadoras e educadores brasileiros, como Aline, Fábia e tantos outros.
Por meio delas e deles, a gente mexe positivamente com um sistema, modifica a nossa própria história e transforma o mundo em um lugar melhor.