O novo ensino médio e a importância do empreendedorismo para jovens
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Você com certeza já ouviu alguém dizer a seguinte frase: “a gente só aprende essa matéria pra passar de ano, depois nunca mais usa”. E você provavelmente concordou com ela.
A grade curricular das escolas no Brasil parece muitas vezes desconectada da realidade da vida adulta, principalmente quando falamos dos mais de 40% de crianças e adolescentes que, de acordo com a Fundação Abrinq, vivem em situação familiar de pobreza no Brasil.
A escola deve ser, em teoria, um local de preparo para o que vamos enfrentar no futuro. Mas, muitas vezes parece que apesar de sabermos de cor uma boa quantidade de fórmulas, saímos da escola sem entender coisas importantes como a porcentagem de juros do cheque especial. Agora, imagine que você tem que decorar esse monte de fórmula e depois chegar em casa e lidar com a realidade do desemprego, da dificuldade de colocar comida na mesa ou pagar o aluguel. A excelência acadêmica muitas vezes precisa perder lugar para que a gente aprenda a lidar com realidades mais urgentes.
Essa desconexão entre o que se aprende e o que se precisa aprender tem profundos impactos no futuro desses jovens. Dados levantados pelo GEM (Global Entrepreneurship Monitor) mostram que o Brasil possui mais de 50 milhões de pessoas empreendedoras, e que 90% dessas pessoas empreendem por necessidade. Sem acesso a educação empreendedora formal, essas pessoas muitas vezes se aventuram pelo desconhecido, aprendendo mais uma vez com a vida e em muitos casos sem saber que o que fazem já é empreendedorismo.
Falar sobre empreendedorismo com jovens já é pauta na mão de quem comanda o jogo há tempos. Aulas sobre comportamento empreendedor já fazem parte do conteúdo de escolas particulares, mantendo na mão de um seleto grupo de pessoas as tais habilidades empreendedoras. Felizmente, a aprovação da nova grade curricular do MEC amplia o acesso a esse conhecimento, levando para as escolas públicas matérias eletivas que refletem necessidades muitas vezes mais reais do que simplesmente “passar de ano”.
A partir de 2022 o ensino médio será dividido em 1800 horas de ensino regular e 1200 horas dedicadas a itinerários formativos, ou seja, matérias eletivas como mediação de conflitos, comunicação não-violenta e claro, empreendedorismo.
Formar empreendedores é falar sobre a prática profissional como fluxo de caixa, gestão de projetos ou comunicação. Mas é também falar sobre competências como gestão de tempo, habilidades de liderança e tomada de decisão e trabalho em equipe. Empreendedorismo é mais do que abrir um novo negócio, ou ter uma nova ideia. É sobre ver a solução para quem só vê o problema, é sobre desenvolver o pensamento autônomo criativo e contestador.
Já é possível pensar em gerações futuras capazes de desenvolver essas habilidades e construir o futuro nos seus termos, que se aventurem no mundo empreendedor com um sonho, e não só para pagar as contas. Essa é a base para uma educação que seja não somente formativa como também transformativa.
A Futuros Inclusivos, em sua parceria com o FA.VELA, iniciou a primeira edição do Morrobótica, um programa de letramento tecnológico e empreendedor para estudantes da rede pública entre 14 e 17 anos. Queremos ensinar esses jovens que tecnologia não é inacessível, e que as habilidades empreendedoras não são exclusivas de quem tá no topo. A gente já vê na prática a diferença que a educação empreendedora faz na vida de quem tá no corre, agora é mostrar pro mundo o que essa galera jovem pode fazer quando a educação não prepara somente pra prova, mas também pra vida.