Encontro Comunicação em Rede reforça parceria entre FRM/Futura e universidades
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Em 5 de maio, aconteceu o Encontro Comunicação em Rede, promovido por Canal Futura e COGECOM/Andifes. O evento se deu no auditório do Núcleo de Estudos em Biomassa e Gerenciamento de Água (NAB), da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, Rio de Janeiro, e foi parte do V COGECOM Sudeste.
A ocasião contou com profissionais de Comunicação de Instituições Federais de Ensino Superior da região para debaterem sobre temáticas relacionadas à comunicação pública, fortalecimento institucional, palestras sobre Comunicação e Direitos Humanos, Jornalismo de Educação e oficinas.
Comunicação em Rede - Abertura
Pedro Lima, coordenador de jornalismo do Canal Futura, deu início ao evento ressaltando a importância de conhecermos melhor o trabalho das universidades. Em relação à Universidade Federal Fluminense, uma fala especialmente carinhosa: "Mediar este evento na UFF, onde me formei como jornalista, é mais que especial". Falou também sobre a relevância do Encontro sob ponto de vista mais amplo: "É momento de unirmos força e darmos mais visibilidade à ciência e à educação através de um telejornalismo em rede".
Em seguida, a pró-reitora de pesquisa da UFF, Leila Gatti, abordou a importância da relação que os projetos de extensão têm com a comunicação: "Essa mistura é muito positiva. A comunicação que se dá dentro de uma instituição acadêmica me leva a refletir: quanto, da comunicação, já não é a própria extensão em si?".
O ferramental que os processos de comunicação oferecem à extensão, no sentido da divulgação, prova-se intimamente conectado aos projetos dentro da universidade e fora dela. Thaiane Oliveira, professora permanente do programa de Pós-graduação em Comunicação da UFF, reforçou essa importância e destacou também a parceria com o Futura: "A universidade precisa conversar com o jovem. E o Canal Futura consegue se conectar a elas e eles, que são a geração que virá e ingressará nas universidades".
Eu, que vim da escola pública, sei da dificuldade que meus colegas tiveram de adentrar o espaço universitário, na década de 90.
José Brito, gerente do Futura e de Comunicação da Fundação Roberto Marinho, agradeceu a parceria que as universidades brasileiras têm com o Canal e destacou o papel da comunicação junto à sociedade, especialmente em tempos de uma vivência cada vez mais digital: "Hoje, temos tudo ao mesmo tempo, e em qualquer lugar. Participamos, cidadãos e cidadãs, neste momento, de uma discussão sobre um projeto de lei que trata, essencialmente, de transparência, qualidade da informação, definição de limites legais para o que é produzido e veiculado, remuneração dos prestadores de serviço nessas áreas.
Precisamos valorizar a agenda da ciência neste país - especialmente hoje. E o Futura tem, com as universidades parceiras, a chance de falar disso e das atualidades.
A relação entre o Encontro Comunicação em Rede e o Fórum de Reitores, realizado em agosto de 2022, na sede da Fundação Roberto Marinho/Editora Globo, foi lembrada por Acácio Jacinto, gerente-adjunto do Canal Futura: "No Fórum do ano passado, conversamos muito sobre o desejo de uma maior aproximação das universidades com a população. Desde então, temos trocado muito, no sentido de darmos mais visibilidade à produção científica e de pesquisa, mas também de contribuirmos, todas e todos, para a criação de novos projetos e surgimento de novas ideias".
Saiba como foi o Fórum de Reitores
Sobre os debates
Coube a Leonne Gabriel, jornalista do Futura, mediar as conversas da mesa "Comunicação e Direitos Humanos - 20 anos da Lei 10.639", que contou com as participações de Maria Corrêa e Castro, pedagoga, pesquisadora da história da África e líder de projetos na Fundação Roberto Marinho, Mônica Lima, professora de história da África e coordenadora do Laboratório de Estudos Africanos (LEÁFRICA) do Instituto de História da UFRJ, e Nelson Silva, diretor do Ciep 175 José Lins do Rego, localizado em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
A mesa começou com uma contextualização de Leonne acerca dos movimentos que contribuíram para a criação da Lei 10.639, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" no currículo oficial do nosso país.
"Depois de uma primeira tentativa frustrada, a lei foi finalmente publicada em 2003, determinando uma abordagem transversal dos assuntos relacionados a história e cultura afro-brasileiras nas escolas. E isso foi mérito dos movimentos negros do nosso país, em especial, do Movimento Negro Unificado (MNU)", disse Leonne, que complementou citando ainda a importância da Lei 11.645, que torna obrigatório o estudo da história e da cultura indígenas nas escolas brasileiras.
É importante entendermos o quão revolucionárias são as leis 10.639 e 11.645 para a educação do nosso país.
O professor e diretor escolar, Nelson Silva, contribuiu com mais história: "Tudo que fazemos, hoje, é fruto do espaço conquistado pelos movimentos negros, e a lei é um desses espaços", disse o professor. Para Nelson, um passo importante no sentido do combate ao racismo é o foco no processo de sensibilização: "Há 50, 60 anos, boa parte da população diria que 'o Brasil não é um país racista'. Avançamos com a sensibilização, e em darmos destaque a personagens afro-descendentes, mas agora precisamos compreender e explicitar a lógica da cultura racista".
"No passado, identificávamos uma pessoa racista, mas não conseguíamos perceber uma estrutura, um sistema, uma sociedade racista."
Mônica Lima concordou com Nelson, e complementou: "Fui professora da educação básica e pública por 27 anos. Em sala de aula, vivi e experimentei a implementação da lei 10.639 ao mesmo tempo em que minha formação na pós-graduação acontecia. Há muitos desafios, claro, mas também temos conquistas importantes e possibilidades. O Ciep 175, dirigido por Nelson, é um exemplo disso, pelas iniciativas que põem em prática por lá. E isso se dá também pela formação dos professores, claro".
Para a formação de professores, não basta aprender a história da população negra no Brasil. É preciso pensar em "como aprender". E isso nos leva a outro ponto: "como aprender e ensinar".
A participação de Maria Corrêa e Castro, da Fundação Roberto Marinho, no Encontro Comunicação em Rede a fez relembrar da ausência de uma educação sobre relações étnico-raciais no seu tempo de escola. Fato que felizmente foi ajustado, mais adiante: "Ao entrar na Fundação, pude conviver com pessoas que contribuíram demais com a minha própria formação nesses assuntos. A própria Mônica Lima e, claro, a professora e intelectual Azoilda Loretto da Trindade, quando da gênese do programa A Cor da Cultura, dedicado à valorização da cultura negra".
O Programa A cor da Cultura fala sobre a participação da população negra na formação da história das instituições brasileiras.
O tema da segunda mesa de debates do Encontro Comunicação em Rede foi "Cultura de paz nas escolas: qual o papel da comunicação?". Com mediação de Priscila Pereira, coordenadora de projetos Fundação Roberto Marinho, participaram Joana Fontoura, oficial de desenvolvimento e participação de adolescentes do UNICEF/RJ, Marcos Furtado, jornalista do Canal Futura, e Rejane Siqueira, pedagoga e doutora em Educação.
Priscila, que atua com temáticas relacionadas à proteção dos direitos de crianças, adolescentes e também das mulheres, abriu a conversa trazendo dados alarmantes sobre a violência nas escolas: "Sete em cada dez professores relatam que já presenciaram casos de violência dentro de sala de aula. Quase 80% delas e deles percebem um aumento desse problema e 10% vivenciam isso todos os dias".
Após a introdução, Priscila fez uma pergunta às participantes da mesa: o que motiva essa tendência de aumento da violência nas escolas?
Para Rejane, o processo de formação docente precisa ser pensado de modo a preparar devidamente professoras e professores com relação ao que tem acontecido, de forma mais aguda, atualmente. Mas nem tudo está no escopo do que professoras e professores podem fazer: "Ao mesmo tempo que temos violências 'históricas', que constituem a formação do nosso povo, percebemos questões que se intensificaram e se atualizaram muito nos últimos anos. Em tempos de mundo globalizado, pessoas acessam conteúdo que estimula a violência, e de diversos tipos. Falamos de um conflito ideológico, científico, de gênero, de fatores sociais que demarcam a interação entre os seres humanos".
"Hoje, não temos uma violência 'da escola'. Temos uma violência social."
Em seguida, as semelhanças entre universidade e o ambiente escolar foram apontadas por Joana Fontoura, do Unicef, que partiu da reflexão de Rejane para discorrer sobre seus próprios pontos de vista: "A gente percebe como os ciclos das violências impactam o dia a dia das escolas e afetam o direito à educação. É complexo esperarmos que professoras, professores e diretores deem conta de tratar de situações que são muito mais profundas do que o lidar 'apenas' com o processo de ensino-aprendizagem".
"O papel da escola na sociedade é, pra mim, como o de um órgão do nosso organismo. Se falha, compromete gravemente o funcionamento de todo o sistema". Foi assim que Marcos Furtado, jornalista do Futura, deu início à sua fala no Encontro Comunicação em Rede.
Para ilustrar o peso que a violência tem em ambiente escolar, Marcos compartilhou um relato pessoal, de quando sofreu com uma atitude preconceituosa na escola em que estudava, ainda no ensino fundamental: "Por conta de uma reação que tive em uma atividade lúdica, a professora me repreendeu com uma ofensa. O fato de eu não ter reagido de uma maneira que satisfizesse ao que ela tinha como um modelo de "estereótipo de masculinidade" foi suficiente".
É muito importante ficarmos atentos ao que comunicamos, e como fazemos isso. No Futura, isso é uma de nossas preocupações permanentes.
Juventudes + comunicação + educação + cultura = Geração Futura
André Libonati, coordenador do projeto Geração Futura, participou do Encontro Comunicação em Rede e pode apresentar um pouco do projeto que tem íntima relação com as universidades do país.
O Geração Futura consiste na participação de estudantes universitários(as) em oficinas de audiovisual. Por meio do projeto e suas atividades, elas e eles têm a oportunidade de compreender melhor e experimentar, na prática, a forma de produção televisiva e educativa do Canal Futura.
Para André, "é sempre gratificante falar sobre o Geração e reforçar sua importância para o jovem e a jovem universitários". E completou: "Aqui, no Encontro Comunicação em Rede, o mais interessante foi misturar o público-prioritário do Geração Futura Juventudes - o estudante universitário - e o corpo docente das instituições parceiras do Canal Futura. Não à toa, vários convites para ampliar ainda mais o projeto pintaram no Encontro".
A relação dos meios de comunicação com a sociedade é objeto de estudo intensamente explorado nas universidades - notadamente, no campo das Ciências Humanas. E foi exatamente esse o mote do Encontro Comunicação em Rede.
Para celebrarmos as reflexões que o evento promoveu, recorremos a Marshall McLuhan, filósofo e teórico canadense, famoso por suas contribuições na área da Comunicação, para reforçarmos a importância de nos reconhecermos como uma "aldeia global". E sempre mantermos em mente que "o meio é a mensagem".
A Fundação Roberto Marinho e o Canal Futura agradecem a parceria e a participação de todas e todos os envolvidos no Encontro Comunicação em Rede.