Mais atentos à educação em 2022
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Congresso de Jornalismo de Educação da Jeduca propõe reflexão sobre a cobertura do tema em ano de eleições
O que é importante quando falamos de educação, principalmente neste ano de 2022, em que teremos eleições? Essa pergunta direcionou as discussões do 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pela Jeduca, a Associação de Jornalistas de Educação.
Além de reforçar o papel de uma imprensa livre e crítica na cobertura do setor, os debates no evento tiveram como pano de fundo o ano eleitoral. Análise das propostas de alguns candidatos à presidência, bastidores da cobertura do escândalo que derrubou o ministro da educação, Milton Ribeiro, e temas importantes para estarem no radar de quem acompanha a agenda educacional do país foram destaque no primeiro dia do evento.
“É essencial que se discuta educação nas eleições. A gente vê muito pouca discussão sobre educação; discute-se muito mais sobre outros temas. O que a gente quer aqui é trazer, para a imprensa e a sociedade em geral, a discussão sobre a educação, de todos os problemas que foram causados durante a pandemia e dos outros que a gente já tinha antes da pandemia. A gente tem mais 15 dias de campanha eleitoral. Ainda dá para ser um grande tema nessas campanhas”, explica Renata Cafardo, presidente da Jeduca.
Propostas para a educação
Logo na abertura do congresso, três representantes dos candidatos à presidência mais bem colocados nas recentes pesquisas de intenção de voto falaram sobre projetos para a educação e responderam às dúvidas de jornalistas e estudantes de comunicação. Estiveram presentes: Reginaldo Lopes, representando Luiz Inácio Lula da Silva (PT); Rossieli Soares, representando a candidata Simone Tebet (MDB); e Nelson Marconi, que representou o candidato Ciro Gomes (PDT). Apesar de convidado, o representante do presidente Jair Bolsonaro (PL) não compareceu.
“O que os candidatos pretendem fazer para recuperar a aprendizagem perdida na pandemia é algo importante. Tem também a reforma do Ensino Médio, que foi algo muito debatido nos estados, tem a questão da saúde emocional, a formação dos professores, a conectividade, porque a gente viu tantas dificuldades com a internet durante a pandemia...muitos temas sugiram aí nos últimos anos e deveriam estar sendo debatidos”, destaca Renata.
Políticas de educação para a Amazônia
Outro tema discutido foi a garantia da educação na região da Amazônia, marcada por conflitos socioambientais. Na mesa, Katia Schweickardt, professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e o diretor de escola indígena, Raimundo Kambeba, apontaram a falta de políticas públicas para proteção estudantes indígenas e ribeirinhos.
“Muitas vezes nossos governantes trabalham para ter um percentual maior. Mas muitas vezes na escola isso não funciona e é muito preocupante. Nossa escola trabalha a valorização da cultura, preparar a criança para a aldeia e para fora. Não é só pensar ‘o IDEB está bem’. Mas na escola como está? Os desafios que a gente tem hoje é voltado à violência escolar, voltado a formação do professor, voltado ao ensino e aprendizagem do aluno”, diz Kambeba.
Para Kátia, o Estado precisa rever a produção de conhecimento baseado na lógica urbana, que exclui as especificidades desses povos. Ela também salientou que o modelo como os recurso para educação são distribuídos não considera o fator territorialidade.
“A gente teve a mesa dos políticos falando sobre a necessidade de recursos para educação e de um uso mais eficiente. Mas esses recursos, tais como são pensados hoje, são pensados por per capta de aluno e não o impacto no território (...). Quando eu quero falar de educação para equidade, de pensar novos modelos de desenvolvimento e de conservação da Amazônia, eu tenho que rever toda nossa métrica de avaliar o que é qualidade da educação, quais são os materiais didáticos mais adequados, como é que eu me encontro com uma diferente cultura”.