Artigo: Política também se aprende na escola

Política também se aprende na escola

Educação midiática e política

Da rejeição - justa - com a disciplina de OSPB (Organização Social e Política Brasileira) até o Escola Sem Partido, a discussão sobre como se deve tratar política em sala de aula ganha destaque em épocas eleitorais. Entre o receio de não influenciar na opinião de jovens em formação, existe uma perda de conteúdos que são necessários exatamente para a construção desse estudante como cidadão. Entender como funcionam os três poderes, a função de cada cargo disputado nas eleições e até como é decidido o pleito são informações que devem ser tratadas de forma profissional e em ambiente escolar. É um bom começo, mas não é suficiente.

Um artigo de 2017 dos pesquisadores Joseph Kahne e Benjamin Bowyer mostra que compreender o funcionamento da política não é o suficiente para identificar informações falsas. Porém, a educação midiática foi identificada como o melhor método para que os alunos possam construir a habilidade de verificar a veracidade das informações e estarem preparados para analisar dados que podem confirmar ou ir contra o que acredita.

No Brasil, iniciativas que entendem a educação midiática como forma de desenvolver uma nova criticidade estão sendo desenvolvidas há um tempo. O Instituto Palavra Aberta possui o EducaMídia, que já formou dezenas de professores a serem multiplicadores. A Lupa, onde estou, na coordenação de educação, possui um pilar destinado somente à educação midiática; e é possível perceber o que Kahne e Bowyer concluem: os alunos passam a criar mais barreiras críticas aos conteúdos que recebem após serem incluídos em aulas que debatem mídia.

Nesse ponto, cabe ressaltar que mídia não se resume a meios digitais. A tradicional cartolina e o panfleto são mídias tanto quanto aplicativos ou tablets. Identificar quais mídias os alunos consomem informações é o primeiro passo para montar estratégias que possam trabalhar esse uso das mídias e de seus conteúdos. E isso não pode ser resumido nas aulas de Linguagens, como muito aparenta a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Nas áreas de Ciências Humanas, trabalhar com fontes - primárias e secundárias - em diferentes mídias é um caminho para mostrar se aquele conteúdo pode ser confiável ou não. Nas Ciências da Natureza, a divulgação científica mostra que mais do que produzir dados, é importante traduzi-los para que possam desmistificar dados enganosos. Por fim, na Matemática, o bom uso de números pode mostrar que eles podem ser manipulados para criar falsas impressões e deve-se estar atento.

Todos os exemplos citados acima atuam em fragilidades que temos na sociedade e que são utilizadas de forma extensiva por quem produz desinformação. Em época eleitoral, aprender sobre política e mídia é fundamental para a formação dos estudantes.

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