Notícia: Saiba como foi o III Energy & Climate Summit

Saiba como foi o III Energy & Climate Summit

III Energy & Climate Summit

Nos dias 19 e 20 de Outubro, aconteceu na cidade de Beja, em Portugal, o III Energy & Climate Summit. A conferência, promovida pelo Projeto Guardiões em parceria com o Forum Energia e Clima, o Politécnico de Portalegre e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDR), é parte de um conjunto de cinco encontros internacionais com o objetivo de levantar debates científicos, os melhores exemplos e as melhores práticas a respeito da crise climática.

Cada edição destaca um tema específico e reúne especialistas de vários países para debater possíveis soluções para o problema. A terceira edição focou nos problemas relacionados à Água. Nos 2 dias de evento, ao longo de 6 painéis, os convidados discutiram importantes questões relacionadas ao tema como desafios na gestão, dessalinização e eficiência hídrica na agricultura. O evento contou com a organização e participação de Ricardo Campos, apresentador do programa Hora de Agir, exibido nas telas do Futura todas as quartas-feiras, às 23h30min.

O primeiro painel, mediado pelo jornalista Anselmo Crespo, se baseou no questionamento “O que fazer com a água num clima que já mudou?”. Filipe Duarte Santos, Presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável de Portugal, ressaltou a importância de aliar as estratégias de mitigação com as de adaptação. “Mitigar” diz respeito às ações para atenuar as mudanças climáticas, como a redução da emissão de gases de efeito estufa. Já “Adaptar” aborda nossa habilidade de prever os efeitos futuros das nossas ações e nos planejar para lidar com eles. Para Pimenta Machado, Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, a adaptação é imprescindível no que diz respeito à Água, para que sejam desenvolvidas formas mais eficientes de distribuição e que permitam melhor aproveitamento deste recurso.

José Rato Nunes, professor do Instituto Politécnico de Portalegre, questionou a estratégia de regadio utilizada na agricultura portuguesa, destacando a necessidade de não se pensar simplesmente em máxima produção agrícola, mas sim em uma máxima produção por litro de água. Já Viriato Cassamá, Ministro do Ambiente de Guiné Bissau, apresentou uma realidade muito diferente. Segundo ele, seu país tem abundância de água, mas sofre com dificuldades de distribuição e de dar acesso à população devido à falta de infraestrutura e políticas públicas.

Diversas pessoas observam algo que não está captada na imagem.
Plateia observa o debate.

Outro destaque foi o painel “Desafios na gestão da água”, moderado pelo jornalista João Paulo Sacadura, em que Vera Eiró, Presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos de Portugal, ressaltou a importância de não se falar apenas em quantidade de água, mas também em qualidade. Para ela, é importante lembrar que a sustentabilidade também reflete diretamente no custo da água para a população. A discussão, que também contou com a participação de Nuno Brôco (AdP Valor), José Pedro Salema (Empresa de Desenvolvimento de Infraestruturas do Alqueva), António Carmona Rodrigues (Universidade Nova de Lisboa) e Miguel Lemos (Águas de Gaia), destacou o desafio de se criar políticas integradas para gerir as águas fluviais, subterrâneas, marítimas e de outras origens em conjunto com os outros recursos que delas dependem, como a energia elétrica. Para eles, a agregação é a chave.

A integração e a gestão unificada também foram muito abordadas no painel “A dessalinização e a reutilização da água”, moderado por Dina Ferreira. Alexandra Serra, Presidente das Águas do Tejo Atlântico, e Antônio Eusébio, Presidente das Águas do Algarve, falaram sobre a importância da água residual como matéria-prima e sua reutilização na agricultura, o que já tem sido feito em Portugal. Já Nuno Pereira, (Águas e Resíduos da Ilha da Madeira), e Manuel Jesus Silva (Electra Cabo Verde) dividiram suas experiências em gestão de água em territórios insulares. A Ilha da Madeira já consome água dessalinizada desde 1978 e Cabo Verde desde 1959. O processo traz muitos desafios tecnológicos e é muito custoso, aumentando o valor final da água para o consumidor, mas é uma das poucas soluções para os arquipélagos.

No decorrer do evento foram também abordados tópicos indispensáveis como a transposição de rios, o uso da água pela agricultura e as perdas de água nas redes de distribuição. Nas conclusões gerais do encontro, apresentadas por Hugo Xambre (Fórum da Energia e Clima), destacou-se o caráter holístico da gestão dos recursos hídricos e necessidade de se investir em melhores maneiras de mensurar o consumo de água por cada setor, para promover estudos mais robustos sobre formas de reduzir desperdícios e de reaproveitamento.

As próximas edições do Energy & Climate Summit acontecerão em Janeiro e Abril de 2023, nas cidades de Évora e Portalegre, e debaterão sobre Mobilidade e Transporte Ferroviário e Economia Circular respectivamente. Mais informações e link para inscrições estão disponíveis no site do projeto. Os debates também são transmitidos online.

Sobre o Projeto Guardiões

Projeto GUARDIÕES tem como objetivo gerar elevado impacto na sensibilização e informação da sociedade civil para o problema das alterações climáticas, gerando conteúdos, promovendo ações junto das pessoas, procurando apresentar soluções que possam fazer da região Alentejo (Portugal) um exemplo na descarbonização da economia e na transição para uma economia mais circular e sustentável.

Sobre o Forum Energia e Clima

Fórum de Energia e Clima é uma organização que nasce da vontade da sociedade civil de todos os países pertencentes à Comunidade de Países de Língua Portuguesa, para num abraço fraterno aprofundar laços e lutar em conjunto pela vitória na Crise Climática. Além de promover o Energy & Climate Summit, são também produtores do programa Hora de Agir.

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