Artigo: Você mora em um território inteligente?

Você mora em um território inteligente?

Cidades inteligentes

Imagino que muitos de vocês que me leem agora já devem ter contemplado em algum momento formas de facilitar a rotina do seu lar. Um exemplo são as casas inteligentes, aquelas equipadas com novas tecnologias e dispositivos que automatizam processos e facilitam tarefas básicas do dia a dia.

Seja através da compra de um dispositivo que responde a comandos de voz, da conexão de alarmes de segurança ao seu celular ou até mesmo uma babá eletrônica que permite o monitoramento à distância. A busca pela conectividade inteligente é constante e o mercado nos responde com diversas possibilidades, desde as mais complexas às mais simples.

Essas alternativas são cada vez mais reais quando pensamos no pequeno território que nos cabe – nossas casas ou apartamentos. Mas já pararam para pensar como podemos, e devemos, conectar nossas cidades?

Cidades inteligentes são justamente isso, elas se integram e utilizam de sua rede, sua estrutura e sua população para potencializar seu desenvolvimento econômico e qualidade de vida. São consideradas inteligentes justamente por causa do planejamento estratégico de seu capital tecnológico e humano e sua estrutura para criar soluções para seus habitantes.

A IESE Business School m realiza anualmente um ranking das cidades mais inteligentes do mundo. Atualmente o Brasil possui 6 cidades nesse ranking – São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador Brasília e Belo Horizonte. Para essa análise, a IESE utiliza 10 dimensões: administração pública, capital humano, coesão social, conexões internacionais, economia, governança, meio-ambiente, planejamento urbano e tecnologia. Todas essas categorias merecem uma análise própria e aprofundada. Mas por enquanto vamos nos ater ao panorama geral.

Ainda estamos bem distantes do topo desse ranking que analisou 183 cidades ao redor do mundo. Atualmente, São Paulo é a nossa cidade mais bem colocada e ocupa a posição 130, ou seja, estamos no caminho, mas ainda distantes dos padrões de harmonia e desenvolvimento necessário para cidades inteligentes. E claro, nós sabemos bem as dificuldades e a realidade de cada uma dessas dimensões, afinal lidamos com elas todos os dias.

A desigualdade social tem o seu papel em cada uma dessas dimensões, e como um grande ciclo é ela que nos impede de viver em territórios plenamente desenvolvidos e é o fim dela que garante o desenvolvimento das nossas cidades. Afinal, é a facilidade de acessos que determina o nosso bem-estar e seu oposto também é válido – sem acessos igualitários não desenvolvemos o nosso potencial humano, e não conseguimos desenvolver o nosso território.

E aí nos vemos à frente de outro ciclo vicioso, aquele em que apenas quem está no topo, e já possui todos os acessos, analisa e decide a melhor forma de lidar com as dificuldades de quem está na base da pirâmide. Criar cidades inteligentes já é uma tendência e uma forma de empreendimento, com a existência de empresas especializadas neste nicho. Mas fica aí a pergunta: é possível transformar a realidade de um território sem estar nele, sem viver as suas dificuldades e entender as demandas reais que afetam o ranking, mas cujas sutilezas e especificidades não são contempladas por ele?

Arrumar a casa e o território para torná-lo mais inteligente eficiente para quem ali habita é um processo que começa pelo entendimento de quais são as reais necessidades de quem vive naquele local. E a gente precisa começar pelas necessidades básicas.

Como forma de fazer parte deste movimento e transformar o território de Belo Horizonte em uma cidade cada vez mais inteligente, iniciamos o programa “Ce Tá On” em parceria com a prefeitura. O objetivo é conectar a população à cidade e as possibilidades que ela já oferece através do letramento digital. O acesso a serviços e possibilidades oferecidas em nosso território transforma pessoas, e afinal, quando falamos em cidades inteligentes é isso que buscamos, um território que transforme, respeite e conecte tudo que nele vive.

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