Escola Fundação Roberto Marinho: 63 jovens e adultos se formam nas turmas da Maré
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Formatura da Escola Fundação Roberto Marinho na Maré
Cristina, Maria José, Sérgio, Inácio, Lidiane, Miriam.... Os nomes são muitos, mas a felicidade é uma só: chegou o tão sonhado dia da formatura desses jovens e adultos que, pelos mais variados motivos, não tinham concluído seus estudos. O Centro de Artes da Maré, na Nova Holanda, Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, recebeu com festa cerca de 200 pessoas para celebrarem a conquista dos 63 estudantes da Escola Fundação Roberto Marinho.
A partir do discurso do orador da turma, que representou todos os seus colegas, Rodrigo Alexandre, 38, formando do ensino médio, as famílias e os convidados entenderam que aquela formatura era mais do que especial. Pela voz emocionada de Rodrigo, palavras como desafio, coronavírus e dedicação trouxeram a dimensão exata do que foi esta jornada para esses estudantes, depois de tanto tempo afastados dos bancos escolares, por conta da pandemia que os pegou pelo meio do caminho.
Graças ao empenho dos professores Vitor e Aline, das equipes da Escola Fundação Roberto Marinho e Redes da Maré, todo esforço dos estudantes valeu a pena, e hoje já estão empenhados em seguir em frente, conquistar uma vaga na universidade ou concluir, no ano que vem, o ensino médio.
Uma educação pelo desenvolvimento do ser
Para Denilson de Oliveira, 18, morador da comunidade Parque União, no Complexo da Maré, a conclusão do ensino fundamental foi "apenas" o primeiro passo. A partir de agora, o foco será no ensino médio. E além: "Quero fazer faculdade de Direito para atuar como advogado na área do Direito Administrativo e da Gestão Pública".
Ludmila Braga, 28, que mora na comunidade Nova Holanda, alia estudo e trabalho: "Sou mobilizadora na Casa Preta da Maré, onde trabalhamos com temas de ética racial, exibimos filmes, promovemos oficinas de dança e rodas de conversa para escolas", conta.
As operações policiais e as consequentes interrupções no funcionamento das escolas que ficam nas comunidades da Maré são aspectos que Gisele de Souza, 20, destacou como obstáculos importantes para que as pessoas de lá sigam com os estudos: "Os tiroteios fazem a gente perder aula". Mas agora ela só pensa em fazer uma faculdade: "Quero fazer Medicina e ser pediatra. Meu maior sonho é, com isso, poder ajudar minha mãe a ter uma vida melhor".
Amanda Marques, 21, já sabe o que vai querer cursar na faculdade: "Quero estudar Biblioteconomia, porque sempre gostei de livros e me interessei pelo assunto quando vi uma pessoa falando sobre isso em uma rede social".
São muitas as cenas que esse dia tão festivo imprimiu na memória e no coração de quem participou. Mas uma, em especial, sintetiza a simbologia daquele momento: a imagem da jovem Thayna Martins, 22, segurando a sua foto em que aparece vestida com uma beca, ao lado das filhas Thallya, 9 meses, e Eloah, 6 anos, revela a força do exemplo que esta mãe, muito orgulhosa por ter concluído a sua escolaridade básica, dá para suas meninas.
Inspiradas pela mãe, suas filhas certamente vão seguir pelo mesmo caminho - o da Educação.